Oomicetos, pertencentes ao Reino Chromista, conhecidos como falsos fungos, são organismos fitoparasitas responsáveis por causar as doenças mais severas para as culturas de hortifrúti. Cultivos de grande importância nacional, como batata e tomate, podem ser gravemente afetados por esses patógenos, o que exige um rigoroso controle de míldio e requeima, entre outras doenças fúngicas caracterizadas como manchas foliares.

As doenças causadas por oomicetos são altamente agressivas e destroem a lavoura de maneira muito rápida, se não for realizado um manejo ágil e assertivo. Tais organismos se diferenciam biologicamente dos fungos na composição da parede celular, que não apresenta quitina, entre outros aspectos. 

Isso significa que os fungicidas para requeima e míldio devem apresentar mecanismos de ação específicos contra esses patógenos, para controlar não só as manchas foliares causadas por fungos, mas também doenças como míldio, requeima e outras comuns em culturas de hortifrúti.  

Impactos da ocorrência de doenças na produção de hortifrúti

Boa parte das culturas de hortifrúti cultivadas para fins de comercialização podem ser afetadas por doenças severas. Isso porque oomicetos e fungos conseguem parasitar uma ampla variedade de espécies de plantas, desde árvores frutíferas, até herbáceas, leguminosas e tubérculos. 

Sejam quais forem o patógeno e a cultura, há riscos à produtividade, à qualidade e à rentabilidade do produtor, em maior ou menor grau, a depender da severidade da doença e da suscetibilidade aos danos causados por requeima e míldio da espécie de planta e da cultivar implementada.

  • Danos à produtividade: os oomicetos podem reduzir a produtividade do hortifrúti em mais de 70%, especialmente quando já estão presentes no solo ou quando as plantas provêm de sementes contaminadas. 
  • Danos à qualidade: as doenças do hortifrúti depreciam a aparência e podem reduzir o tamanho dos produtos, desvalorizando-os nos mercados interno e externo e colocando em risco as negociações futuras. Além disso, é possível que as avarias tornem o produto impróprio para consumo, uma vez que os patógenos podem prejudicar sua conservação.
  • Perdas financeiras: os danos à qualidade e à produtividade do hortifrúti geram prejuízos à rentabilidade do produtor, ao: diminuir a quantidade da produção; desvalorizar o produto no mercado; inviabilizar o consumo do produto fresco; aumentar os custos de produção; diminuir a oferta, afetando os preços no mercado.

Tudo isso gera instabilidade nas negociações e reduz a margem de lucro do hortifruticultor, especialmente em áreas com intensas infestações por doenças, em que o custo de controle se torna mais elevado, o que compromete a rentabilidade e os recursos financeiros para dar continuidade à produção.

Assim, o melhor caminho é realizar o controle de doenças do hortifrúti preventivamente, evitando que a pressão de patógenos atinja o nível de dano econômico e protegendo o potencial produtivo das culturas, além da qualidade.

Míldio

O míldio é causado por um complexo de patógenos parasitas obrigatórios – que não sobrevivem ou se desenvolvem sem seu hospedeiro –, e pertencem a diversos gêneros de oomicetos: Plasmopara, Peronospora, Peronosclerospora, Pseudoperonospora, Sclerophthora, Basidiophora e Bremia.

Pode afetar várias partes da planta, com maior prevalência nas folhas, em diversas culturas, como uva, tomate, batata e muitas outras espécies de legumes e frutas. Os sintomas típicos incluem manchas nas folhas, frutificação do patógeno na face inferior e, em casos graves, pode levar à destruição de inflorescências e frutos. 

Condições climáticas de alta umidade e temperatura amena favorecem o desenvolvimento da doença, e o controle eficiente envolve a adoção de medidas preventivas, como manejo adequado da umidade e uso de fungicidas, para evitar prejuízos na lavoura e garantir a qualidade e a quantidade da produção.

Culturas, patógenos e sintomas

Na cultura da uva, o míldio é causado pelo oomiceto Plasmopara viticola e é a doença de maior importância para a viticultura no Brasil. Afeta todas as partes verdes da planta, incluindo as folhas, inflorescências e frutos. 

As folhas exibem inicialmente manchas amareladas e translúcidas, conhecidas como “manchas de óleo”, com uma camada branca de mofo na face inferior. O ataque aos cachos pode levar à destruição parcial ou total das inflorescências e frutos, causando danos significativos à produção e à qualidade das uvas. Segundo a Embrapa, a doença é favorecida por temperaturas entre 18 °C e 25 °C e umidade relativa acima de 60%.

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Sintomas do míldio (Plasmopara viticola) em videira. Fonte: Embrapa, 2021.

Em abóbora, abobrinha, melancia, melão e pepino, o míldio é causado pelo patógeno Pseudoperonospora cubensis, conhecido por causar danos significativos nas plantações de cucurbitáceas, resultando em grandes perdas econômicas para os produtores. 

As folhas das plantas infectadas apresentam manchas cloróticas angulares na face superior, delimitadas pelas nervuras, e essas manchas podem aumentar em quantidade, formando uma camada fina de cor branca a cinza sobre a sua superfície. Na face inferior das folhas, são observadas áreas encharcadas com formação de estruturas de reprodução do patógeno de coloração verde-oliva à púrpura.

Há ainda o oomiceto Bremia lactucae, responsável pelo míldio em folhosas, como alface e chicória, causando manchas amareladas nas folhas que podem acometer toda a lavoura rapidamente. Peronospora destructor ataca culturas de pimenta e cebola; e Peronospora parasitica promove a doença em cultivos de brócolis e diversas espécies de couve.

Os sintomas causados pelo míldio em culturas de hortifrúti podem variar de acordo com a espécie vegetal, pois cada uma delas reage ao patógeno de acordo com a sua suscetibilidade e com as condições ambientais. O acompanhamento regular das plantações é essencial para identificar e combater o míldio de forma eficaz e evitar prejuízos na produção de hortifrúti.

Danos

O míldio pode atacar as videiras e outras culturas de hortifrúti, levando à destruição parcial ou total das inflorescências e dos frutos. Nas videiras, por exemplo, o ataque ao cacho pode levar ao escurecimento do ráquis e até mesmo ao recobrimento do cacho por uma massa branca. Essa destruição compromete a produção e a qualidade dos frutos.

Ao afetar as folhas das plantas, causa necrose do tecido foliar e desfolha precoce. A perda das folhas enfraquece a planta e diminui a capacidade de realizar a fotossíntese e produzir frutos saudáveis, resultando em menor rendimento na colheita, além da possibilidade de comprometer a quantidade e a qualidade da produção nas safras futuras.

O míldio é uma doença de rápida infestação e pode se espalhar rapidamente nas plantações, causando prejuízos econômicos para os produtores de hortifrúti. Além dos danos diretos causados às plantas, os custos com controle e prevenção da doença também podem ser significativos para o bolso do produtor.

A doença pode tornar as frutas e os legumes impróprios para consumo, o que gera prejuízos não só para o produtor, mas para toda a cadeia comercial, pela diminuição da oferta de produtos que fazem parte do cotidiano da população.

Requeima

A requeima é uma doença muito comum em cultivos de hortifrúti, afetando principalmente tomate e batata, mas também berinjela, pimenta, pimentão, jiló, entre outras culturas.  A doença é causada por oomicetos do gênero Phytophthora que são parasitas facultativos, ou seja, não dependem exclusivamente das plantas hospedeiras para sobreviver. 

Essa característica favorece sua ocorrência e dispersão, de maneira que o patógeno pode se espalhar rapidamente, levando à destruição das folhas, brotações jovens e frutos da planta. Tamanha é a agressividade da requeima, que está associada ao evento histórico conhecido como Grande Fome da Irlanda.

Por cerca de cinco anos (1845-1849), a produção de hortifrúti no país foi fortemente reduzida (-80%) por conta da requeima. A escassez de alimentos levou à morte de mais de um milhão de pessoas e forçou centenas de milhares a emigrar, por depender das lavouras – principalmente de batata – para garantir sua segurança alimentar.

Tal acontecimento trágico escancarou a necessidade de conhecer e saber como controlar as doenças do hortifrúti. Avanços nesse sentido possibilitam manter a requeima sob controle e desenvolver sempre novas ferramentas para um manejo cada vez mais assertivo e eficiente.

Culturas e patógenos

Os principais patógenos responsáveis pela requeima em hortifrúti são Phytophthora capsici, que acomete cultivos de berinjela, jiló, pimenta e outros, e Phytophthora infestans, que causa danos severos na cultura do tomate. 

Suas estruturas reprodutivas (zoospóros) são móveis e abundantes, disseminando-se principalmente por meio da água presente no solo. Resistentes, podem sobreviver mesmo em condições desfavoráveis e em situação de ausência de hospedeiros, por meio de estruturas conhecidas como oospóros.

O poder destrutivo do P. infestans em tomate é enorme, pois a espécie alastra-se com rapidez, podendo comprometer 100% da lavoura, ao atacar folhas, caules e frutos. Também conhecida como mela, a requeima encontra boas condições para desenvolvimento em regiões de clima ameno e alta umidade.

sintomas requeima

Sintomas da requeima causada por Phytophthora infestans em tomateiro. Foto: Ricardo B. Pereira. Fonte: Revista Cultivar, 2016.

A ocorrência do oomiceto causador de requeima é verificada em grande parte das regiões produtoras de tomate e batata. O patógeno tem alta variabilidade genética, de maneira que o desenvolvimento de cultivares resistentes à doença é dificultoso.

Sintomas

O tomateiro pode ser acometido pela requeima em qualquer estádio de seu desenvolvimento, estando suscetível a sintomas em todas as estruturas da planta. A pressão da doença ocorre da seguinte forma:

  • Os primeiros sintomas aparecem no terço superior da planta, a partir das folhas, com o aparecimento de manchas verde-pálidas de formato irregular.
  • As manchas aumentam de tamanho e tornam-se lesões que podem cobrir toda a superfície das folhas.
  • Os tecidos foliares ficam com uma coloração marrom e murchos, formando necroses.
  • Lesões escuras alastram-se para caules, pecíolos e ráquis, tornando a estrutura quebradiça e podendo causar a morte daquela região da planta.
  • Quando atingem os frutos, aparecem manchas escuras e oleosas, que podem acometer toda a superfície do tomate. O resultado é conhecido como podridão dura.
  • Nessa fase da doença, os frutos ficam suscetíveis ao ataque de outros organismos, podendo amolecer e sofrer queda prematura.
  • Outro sintoma que deve ser observado é a formação de micélio branco e estruturas reprodutivas do patógeno, recobrindo as diferentes partes do tomateiro.

Danos

Desfolha severa, morte dos ramos e apodrecimento dos frutos são os principais danos da requeima no tomateiro. Quando há epidemia da doença, a produção pode tornar-se insustentável, por conta dos altos custos para a realização do controle. 

As lesões e a queda das folhas diminuem a capacidade fotossintética da planta, com consequente redução do seu crescimento, vigor e potencial produtivo. A depender da época de ocorrência, se as plantas ainda estiverem muito pequenas, a requeima pode causar a morte do tomateiro.

A infecção tardia de frutos e caules também geram danos que podem ser irreversíveis, caso o controle não seja ágil e assertivo. Tudo isso pode levar à perda de toda ou de parte da produção, gerando prejuízos financeiros ao produtor. Além disso, a queda na qualidade em lavouras acometidas pela requeima gera desvalorização do produto no mercado, o que afeta gravemente a rentabilidade.

Manchas foliares

Além dos oomicetos, há uma diversidade de fungos que causam doenças em hortifrúti e representam grande preocupação para a produção de alimentos in natura e destinados à indústria. 

A principal é a septoriose (Septoria lycopersici), uma doença que afeta principalmente os tomateiros. Os sintomas aparecem como manchas de coloração palha na face inferior das folhas, com centros necróticos e bordas mais escuras. A doença pode se espalhar rapidamente, afetando o vigor e a produtividade da planta de tomate.

sintoma septoriose

Folhas de tomate acometidas por septoriose. Fonte: Embrapa, 2022.

Os danos causados pelas manchas foliares em hortifrúti podem ser graves, comprometendo a produtividade das culturas e causando desfolha, enfraquecimento das plantas, exposição dos frutos ao sol, redução do vigor e do potencial produtivo das lavouras.

O controle preventivo é essencial para evitar prejuízos e garantir a sanidade das plantações. Medidas como o manejo adequado da irrigação, rotação de culturas, uso de cultivares resistentes e aplicação de fungicidas podem ajudar a combater essas doenças e proteger os cultivos de hortifrúti.

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Sobre o controle de míldio e requeima em hortifrúti

O MID (Manejo Integrado de Doenças) é um grande aliado do hortifruticultor na mitigação dos danos e prejuízos causados pelos diversos patógenos que acometem as lavouras durante todo o ano. Os melhores resultados de controle de requeima e míldio são obtidos por meio de medidas preventivas, que incluem:

  • plantio em épocas mais quentes e com baixa pluviosidade, em áreas que não estejam contaminadas pelos patógenos, não sofram com permanência de neblina, tenham solo com boa drenagem;
  • escolha de mudas e/ou sementes sadias;
  • preferência por irrigação por gotejamento (evitando molhamento foliar), quando houver;
  • uso de cultivares resistentes aos patógenos;
  • monitoramento diário das áreas cultivadas (visto a rapidez com que os patógenos se desenvolvem);
  • uso de fungicidas sistêmicos e com diferentes modos de ação;
  • incorporação dos restos culturais ao solo logo após a colheita, a fim de eliminar fontes do inóculo em cultivos sucessivos;
  • rotação de culturas com plantas não hospedeiras, como gramíneas.

A aplicação de fungicidas é a medida mais eficiente para o controle de doenças em hortifrúti, visto que impede o desenvolvimento dos patógenos assim que verificados os primeiros sintomas. É importante que sejam utilizados diferentes produtos com mistura de ingredientes ativos ao longo do programa de manejo, a fim de evitar a seleção de resistência dos patógenos.

Tecnologia e inovação em fungicidas para míldio e requeima 

A evolução no controle das principais doenças do hortifrúti já chegou. Em 2023, a Syngenta lança um novo fungicida sistêmico para controlar um amplo espectro de patógenos que atacam as principais culturas: ORONDIS®, performance contra requeima e míldios como nunca vista.

A solução é composta por dois ativos altamente eficientes no controle de doenças, incluindo as manchas foliares. O primeiro já é reconhecido como a estrobilurina mais sistêmica do mercado, proveniente da Tecnologia AMISTAR®, uma exclusividade Syngenta. O segundo é totalmente inédito, pois pertence à Tecnologia ORONDIS®: uma nova molécula, com um novo modo de ação, nomeado oxatiapiprolina, do grupo químico piperidinil tiazol isoxazolina.

Essa combinação revoluciona a base de controle de míldio e requeima, alçando novos patamares de produtividade e qualidade para as culturas de hortifrúti, com alta sistemicidade, rápida translocação e distribuição uniforme pelas diferentes estruturas da planta, protegendo-a por inteiro. Os principais benefícios que ORONDIS® oferece são:

  • Nova molécula: novo modo de ação com eficácia incomparável.
  • Amplo espectro: contra requeima, míldios e manchas.
  • Efeito verde: melhor desenvolvimento de plantas e incremento em produtividade e qualidade.

ORONDIS® amplia as possibilidades de rotação de ativos no controle químico de doenças do hortifrúti e contribui para os melhores resultados e a proteção dos cultivos, possibilitando a manutenção de lavouras com alta capacidade produtiva e produtos de altíssima qualidade, por meio de uma tecnologia totalmente inovadora, para ser aplicada tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva das culturas, que abre as portas para o futuro da produção agrícola no Brasil.

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